Sempre achei que amor tem
gosto, cor e som. Não é à toa que os apaixonados têm uma música. Quem ama é
capaz de suportar muitas coisas. Manias, defeitos, esquisitices, teimosia e
loucurinhas diárias. Acredito que o amor é a base de tudo, é o que sustenta, o
que dá suporte, o que conforta, o que nos estimula a seguir em frente. Mas o
amor não é tudo na vida.
Antes da gente amar alguém tem
que se amar primeiro. Clichezão, antigo e muito real. Não dá para colocar o
outro na sua frente. Não dá pra ceder o lugar, dar passagem. Você precisa estar
bem e em paz pra conseguir dar e receber o amor de alguém.
Durante
muito tempo estive perdida. Não sabia direito o que queria e, principalmente,
quem eu queria. Acreditava em modelos. O cara tem que ser assim e assado, tem
que ter tal idade, olho de tal cor. O amor não tem manual. E nem enciclopédia.
Mas isso eu aprendi bem depois. É que a gente tem que estar preparada para o
amor.
Vejo
gente reclamando nada-dá-certo-pra-mim. Eu também já pensei isso um dia. Vi que
as coisas não davam certo porque eu não estava preparada, porque acreditava em
ilusões, porque não me via de verdade, porque buscava coisas erradas, porque
minha vibração atraía os tipos mais estranhos e problemáticos. Sim, a gente
atrai o cara maluco, o cara complicado, o cara enrolado, o cara cafajeste. O
outro te trata como você se trata. A frase é simples, todo mundo sabe, mas
ninguém coloca na prática. Você coloca limites, você diz que isso serve e
aquilo não. A pessoa dança conforme a música. E você escolhe o que vai colocar
na vitrola.
Insisto
que a gente precisa se respeitar, se cuidar. Só assim o outro vai querer te
cuidar também. O amor é bonito, sim. É aprendizado, é luta diária, é glória, é
superação, é vontade, é cumplicidade, intimidade, amizade. E acima de tudo o
amor precisa ser paciente. Muito paciente. Tem que entender que tudo
tem sua hora. Que às vezes a distância dói, machuca e lateja.
Amar
de longe não é fácil. É complicado não acordar com aquele cheiro, aquele calor
do corpo, aquele abraço. É doloroso não ter aquela voz no ouvido, aquele colo,
aquela risada boa e boba. Pode ser logo ali, naquela cidade que fica a quarenta
e cinco minutos de avião. Pode ser lá longe, em outro país. Pode ser em outro
estado. Pode ser do outro lado do oceano. Não importa: a saudade arde. Mas
serve para nos mostrar como o outro é importante. Serve para mostrar como
pequenas coisas fazem falta. A saudade faz a gente prestar mais atenção no
outro. E, principalmente, a saudade mostra o que é de verdade. Porque só os
amores guerreiros sobrevivem ao tempo e à distância.
(Clarissa Correa)
Postado por Cacau Liin's
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